sexta-feira, abril 06, 2007

Combate ao aquecimento global:
passe-livre, uma alternativa que nunca é citada.




Por Danilo Silvestre[1]


Com a divulgação do relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o aquecimento global, este tema passou a fazer parte da agenda mundial que busca formas de amenizar os problemas que são causados com o aumento da temperatura. Como se sabe, um dos principais motivos para a elevação da temperatura no planeta é a queima dos combustíveis fósseis, como a gasolina dos automóveis que circulam pelas cidades.

Para reduzir as emissões, os governos procuram aumentar o uso dos chamados biocombustíveis, como o álcool (etanol) e o biodiesel. A atitude é louvável, no entanto existem algumas críticas a esse projeto, como demonstra o artigo publicado no *site* do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). (para ler o artigo clique aqui). Mas, mais do que procurar novas tecnologias, é necessário alterar hábitos cotidianos para que exista uma redução mais significativa.

Uma dessas mudanças é a maior utilização do transporte coletivo. Só que para isso são necessários incentivos à população, já que esse tipo de transporte é caro e não é bem cuidado. Um dos incentivos possíveis é a implantação do passe-livre estudantil. Com ela haveria uma queda na circulação de carros, tanto por parte dos pais, como por parte dos estudantes universitários.

Para ilustrar, pegue-se o exemplo do Distrito Federal (DF), que segundo os dados do Departamento de Trânsito do DF (DETRAN), possui, em fevereiro de 2007, 690518 automóveis (para ver os dados clique aqui). Supondo que cada carro roda 5km por dia (150km/mês) e que com a implementação do passe-livre 1% do total dos carros (6905) deixar de circular significa que deixarão de ser emitidas 1889,21 toneladas de dióxido de carbono por mês e seriam necessárias 12595 árvores para compensar essa emissão (para ir para a página de cálculo clique aqui).

Além da redução das emissões de dióxido de carbono e do consumo de combustíveis fósseis, a implantação do passe-livre provavelmente trará outros benefícios como a redução dos engarrafamentos, diminuição dos gastos públicos com vítimas da violência no trânsito e redução de atropelamentos.

Neste sentido, é importante que o passe-livre estudantil seja visto como algo maior do que uma reivindicação da juventude das cidades brasileiras, e sim como uma política de várias faces, como a de democratizar o acesso à educação formal e à cultura, a de melhorar a condição de tráfego e de estacionamentos nas cidades, melhoria nos gastos públicos de saúde pública e, é claro, de política ambiental, que é o foco deste artigo. Por isso, é relevante que os governantes, deputados estaduais, distritais, vereadores e universidades façam um levantamento mais aprofundado sobre a implantação do passe-livre e que leve em conta o maior número possível de variáveis. Os estudantes e o planeta Terra agradecem.


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[1]Danilo Silvestre é bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda. Ex-militante da ENECOS. Estudante de Ciência Política e militante do Movimento Instinto Coletivo