quinta-feira, agosto 13, 2009

População vetada

O que está acontecendo nesse momento no Distrito Federal é o retrato exato do que é um transporte coletivo tratado como mercadoria e da discriminação e exclusão com quem não mora no Plano Piloto.
O governador Urtiga em sua tentativa desesperada de melhorar sua imagem com a população resolveu utilizar o passe livre, junto com seu vice para campanha eleitoral, já que 2010 vêm aí, mas campanhas precisam de financiamento de empresári@s e a máfia dos transportes continua com sua troca de favores.
Como o passe livre será custeado pelo governo, @s empresári@s não terão mais este “gasto”, portanto poderiam abaixar o preço das passagens, mas o que se viu foram aumentos de proporções astronômicas em tempo recorde. Primeiro o metrô e o micro ônibus com 50% de aumento de uma só vez e agora Águas lindas e Planaltina de Goiás estão praticamente inacessíveis com passagens que chegam a R$ 4,25. (Essa emenda de redução de tarifa sequer foi citada na câmara).
@s portador@s de necessidades especiais deveriam andar gratuitamente nos ônibus, sem precisar passar na catraca, el@s têm esse direito, mas o Urtiga fez questão de fazer com que el@s também se tornassem fonte de lucro, aproveitando uma brecha da lei. Agora o governo vai pagar a@s empresári@s essa conta também.
Foi impressionante observar que o governador não fez a menor questão de esconder sua perseguição política em relação ao MPL. De todas as entidades mencionadas apenas nós fomos vetad@s da comissão dos transportes coletivos do DF, o único movimento social feito pela comunidade. O governo sempre teve essa política de não ouvir os interesses da população antes de tomar suas decisões, o que vai totalmente contra o que seria a gestão de um transporte público ideal, mas não acreditamos em um espaço dividido com eles, a gestão de transportes que queremos que é feita pela população e para a população não se encaixa nesse teatro de democracia que eles fazem de vez em quando em audiências e comissões para depois não levar nada em conta, mesmo que se não fossemos vetados provavelmente não participaríamos desta comissão, a não ser com um cunho fiscalizatório. Nossa preocupação é com a perseguição política tão veemente e fascista com movimentos sociais, não sabemos o que poderá vir pela frente.
Registramos aqui, nossa denúncia!
O transporte público é um direito básico garantido pela constituição, assim como o direito de ir e vir. O transporte coletivo deve ser pago através dos impostos, como todo direito. O governo não só tem dinheiro para bancar bons salários, cesta básica, ticket alimentação e diminuir as horas de trabalho, inclusive gerando mais empregos, como o tem também para manter toda uma frota de ônibus confortáveis, menos poluentes, que passam a qualquer hora do dia para qualquer lugar e gratuito. Isso não será possível enquanto o direito de ir vir for comercializado, enquanto houver interesses econômicos por trás.
Distância, não se mede através de quilômetros e sim através de realidade social. O plano piloto depende da força de trabalho do entorno para funcionar e @s trabalhador@s dos empregos oferecidos. Dentro dessa realidade a “distancia existente” entre o entorno, Planaltina e Águas lindas do goiás por exemplo, é uma distancia virtual, que agora passa a ser real com a exclusão causada pelo aumento das tarifas, fazendo com que centenas de trabalhador@s percam seus empregos porque seus(suas) patrõ@s não podem pagar o preço altíssimo das passagens e fiquem isolados sem perspectiva de futuro.
Argumentos como o de que “estava no contrato” o aumento de tarifas e o transporte sendo usado contra a população é inaceitável. Queremos agora o fim das concessões para as empresas, queremos um transporte gerido e financiado totalmente pelo estado visando o bem estar da população. Queremos a população do centro e do entorno tendo o direito à cidade, não só para trabalhar, mas para usufruir de seu lazer, trabalhador@s sendo tratad@s com dignidade e tarifas gratuitas não só para esse ou aquele grupo de pessoas, mas para tod@s! pago através dos impostos.
Todo nosso apoio às revoltas do entorno e d@s trabalhador@s, estamos com vocês!
transporte é um direito, Tarifa Zero já!