sábado, setembro 29, 2007

MPL entrega carta e bandeira ao EZLN




No dia 18 de Setembro, o Movimento Passe Livre-DF entregou ao Exército Zapatista de Libertação Nacional sua bandeira e uma carta. Na carta (abaixo) o MPL-DF se apresentava e declarava seu apoio e solidariedade a luta dos Zapatistas no México e no mundo. A Junta de Bom Governo do Caracol de Oventik, que recebeu a carta e a bandeira, agradeceu o apoio e disse que os dois movimentos "são companheiros na luta contra o mal governo e o capital".


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18 de Setembro de 2007

Ao Exército Zapatista de Libertação Nacional


Compas,


Poderíamos começar essa carta por muitos caminhos. Pelo caminho da História: por nosso passado, e por mais que estejamos em pontos bem distantes da nossa América, somos irmãos/as e esse já e um motivo para nos contactarmos. Poderíamos também começar pelo caminho da opressão que sofremos, que é também a mesma, a opressão que vem dos ricos e dos poderosos. Mas preferimos começar com o da Resistência. E é por sermos companheiros de luta, na luta dos que estão abaixo e a esquerda, que lhes enviamos a nossa singela mensagem.


Para que nos conheçamos um pouco mais, contamos um pouco da nossa história: Nos somos o Movimento Passe Livre- DF. Esse “DF” é de Distrito Federal, como o que vocês tem ai no México, só que do Brasil, porque somos um movimento nacional no nosso país, mas quem agora lhes escreve é o núcleo da nossa capital. No nosso país, como aqui e em muitos outros lugares, a cidade não é um direito dos que trabalharam e trabalham para mantê-la: aqueles e aquelas que estão abaixo não podem se locomover livremente. Para nós, um dos principais motivos para isso é a maneira como funciona o sistema de transporte nas nossas cidades: como tudo nessa ordem cruel na qual vivemos, o transporte é visto como uma mercadoria, de onde aqueles que já são ricos e poderosos, tiram mais um monte de dinheiro para o seu próprio benefício.


E foi perceber isso, por perceber que não é justo que o nosso direito de ir e vir seja vendido, que iniciamos a nossa luta por aqui. Isso foi no final de 2004 (quando vocês já tinham 10 anos desde o levante!). Surgimos, pois, com muitas idéias: primeiro, aquela bem concreta, de reivindicar um transporte que não excluísse os de abaixo, que fosse gerido por eles/elas e para eles/elas, que na verdade somos todos nós.


Também por isso nos chamamos Movimento Passe Livre. “Passe Livre” quer dizer ter a passagem livre. Concretamente, é o nome de uma das nossas reivindicações, que é que os/as estudantes e os/as desempregados/as não paguem a passagem de ônibus. Mas é também muito mais do que isso: passe livre é a liberdade de ir para onde queremos, de conhecer o que desejemos e de desfrutarmos desse mundo que construímos, sem que ninguém nunca tenha o direito de nos impedir, seja por catracas, por discriminação ou por fronteiras.


Mas nós também não queríamos reproduzir na nossa luta as opressões que criticamos. É assim que o nosso movimento surge também da vontade de uma organização onde as pessoas e coletivos decidam sobre si mesmas e sobre seus assuntos. Por que o que queremos é uma sociedade na qual ninguém decida por a gente ou por nossos assuntos e sonhos, a não ser nos mesmos/as.


Estamos, é claro, no início da nossa caminhada. Como vocês bem sabem, a luta não é fácil, e tampouco é rápida. Nesses três anos, fizemos várias mobilizações, que podemos dizer com orgulho que causaram um bom impacto na nossa cidade. Vimos alguns/as dos/as nossos/as sendo presos/as e machucados pela policia. Aprendemos muito, a respeitarmos uns/umas aos/as outros/as, a escutar mais, a ter paciência. Também aprendemos mais sobre a nossa própria realidade e sobre quem somos. E podemos dizer que nenhum de nós nunca mais será o mesmo depois que começou a lutar.


E se aqui estamos hoje, também é por vocês. E que, mesmo sem saber, e mesmo sem que a gente soubesse na época (eramos todos bastante novos então), quando vocês se levantaram em 1994, acenderam uma luzinha de esperança no coração de muita gente que já não aceitava o mundo assim tão injusto. E essa luzinha foi ficando mais forte, e se transformou em uma chama que já não podia ser apagada e nem ignorada. Por que os motivos para lutar já eram muitos, só nos faltava a esperança. E aconteceu Seattle, Praga, Genova. A guerra do gáz e da água na Bolívia. Os piquetes, os restaurantes comunitários e as assembléias na Argentina. E, aqui, pequeninos, mas com a mesma sede de justiça, surgimos nós.


Estamos, então, cada qual a sua maneira e em seu tempo, construindo a nossa luta, que é pelo mesmo sonho, o sonho de um mundo com liberdade e igualdade. E sabemos bem que sempre que nós lutadores/as descobrimos que tem mais gente no mundo no nosso lado da batalha, o nosso coração cresce. E é por isso, então, que lhes enviamos a nossa mensagem e a nossa bandeira, desde o centro do Brasil. Para que vocês saibam que aqui também estamos plantando a semente de um mundo novo. E que estamos então de braços dados nesse caminhar.

Em solidariedade,
Por uma vida sem catracas
Por um mundo onde caibam muitos mundos.

Movimento Passe Livre -DF.


segunda-feira, setembro 24, 2007

NOVOS BOTTONS DO MPL-DF

Como muit@s sabem, o MPL é um movimento autônomo e independente, e que tenta trazer às suas práticas o sentido do "faça-você-mesm@". Assim, isto é aplicado em vários âmbitos de nossa Organização e Luta. E não seria diferente com a arrecadação de nossos recursos financeiros.

Indo direto ao ponto, é que para ajudar nesta questão, agora o MPL-DF está vendendo seus novos bottons! O custo de cada um deles é de 1R$ (um real), e você pode escolher entre 10 tipos diferentes de bottons, tendo 5 variedades de desenhos.

Entre em contato conosco para combinarmos a melhor forma de sua aquisição =D
mpldf@riseup.net

Lembramos que assim você está ajudando não somente com nossos recursos financeiros, mas também na propaganda do Movimento e da Luta... e claro, além de arrumar um visual descolado ;)

(CLIQUE NA IMAGEM ABAIXO PARA VISUALIZAR MELHOR)

quarta-feira, setembro 19, 2007

Oficina: Política e Técnica na Organização da Mobilidade na Capital


Com o objetivo central de promover a aproximação entre a militância de movimentos populares vinculados a questões de mobilidade e pesquisadores que refletem na mesma perspectiva, o Programa de Pós-Graduação em Transportes (PPGT) e o Movimento Passe Livre (MPL) convidam para a oficina "Política e Técnica na Organização da Mobilidade na Capital", que será realizada na manhã desta sexta-feira, dia 21 de setembro.

O foco da oficina será a discussão sobre os papéis da determinação política e da técnica na organização e gestão do sistema de transportes no DF. A discussão partirá de casos objetivos e estruturais em que a mobilidade foi organizada a partir da estrutura dos poderes políticos presentes na sociedade.

Programação:

08h30 - Abertura da atividade e apresentação da discussão
09h00 - História do movimento, dos conflitos com o estado (apresentação por militante do MPL)
09h30 - Exibição do primeiro vídeo
10h00 - A relação do movimento com a discussão técnica (apresentação por militante do MPL)
10h30 - Exbição do segundo vídeo
11h00 - Debate: técnica ou política? (mediação pelo Prof. Paulo Cesar, do PPGT)


Local:

Sala de aula do PPGT
Faculdade de Tecnologia, prédio SG-12, 1o. andar




Contatos com o MPL:

MPL nacional: www.mpl.org.br
MPL-DF: www.vidasemcatracas.blogspot.com
E-mail do MPL-DF: mpldf@riseup.net

sábado, setembro 08, 2007

Seminário de Mobilidade Urbana

Produtivo o seminário de floripa , está ai um puto incentivo pro nosso !

Carta de Convergências do Seminário de Mobilidade Urbana. - Floripa

Realizado nos dias 11, 12 e 13 de julho de 2007, nas dependências do auditório do Centro de Convivência da Universidade Federal de Santa Catarina, e organizado pelo Movimento Passe Livre em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores da UFSC (SINTUFSC), com a Associação dos Professores da universidade (APUFSC) e estudantes da UFSC em luta, o seminário inscreveu 103 pessoas e reuniu, num total de sete atividades dispostas ao longo dos três dias, bem mais de uma centena de interessadas/os em debater a mobilidade urbana e construir um outro projeto alternativo ao que hora vigora.
Pensado somente sobre a ótica dos números ele já seria um seminário vitorioso. Mas, muito mais importante do que os números é a qualidade dos debates ocorridos ao longo das atividades. Esses debates ajudaram a consolidar e a dar substância à idéia de que é absolutamente possível e, sobretudo, necessária e urgente a construção de um projeto de mobilidade urbana que seja pautado nos interesses sociais e coletivos, na defesa do meio ambiente e na garantia dos direitos elementares de acesso livre aos espaços da cidade, invertendo a matriz desigual, segregadora e periférica do modelo atual de urbanização, sem as barreiras do lucro que impedem o gozo pleno dos nossos direitos.
Como fruto desses debates, apresentamos aqui algumas das propostas convergentes que não representa a complexidade e a profundidade alcançada, mas que sintetiza um conjunto de bandeiras táticas e estratégicas que apontam para esse novo projeto.

I - Tarifa Zero nos transportes coletivos.

O transporte coletivo é um direito elementar, que entre outras coisas deveria garantir o acesso aos demais direitos elementares, como a saúde e a educação. Deveria, mas desgraçadamente não garante, porque o transporte coletivo é uma mercadoria, um grande negócio, que tem servido para enriquecer pequenos grupos empresariais, e reproduzir seus interesses políticos no nível da municipalidade.

Essa aberração social produziu números absolutamente intoleráveis, como os que demonstram que 37 milhões de brasileiros/as estão excluídos do direito de locomoção por conta das tarifas do transporte. Esta claro para nós que os transportes coletivos urbanos são um serviço público essencial, e que nessa condição devem caminhar rumo à gratuidade total e universal, subsidiada pelo poder público, e não como subsídio aos empresários do transporte, mas como subsídio aos usuários dos transportes, a partir da inversão da lógica de pagamento dos seus custos. Que paguem pelo transporte coletivo, não os que o utilizam pela mais absoluta necessidade, mas justamente aqueles que se beneficiam do deslocamento diário das forças de trabalho, ou seja, os donos dos grandes meios de produção e comercialização das mercadorias.

II - Municipalização dos transportes.

Um passo fundamental e estratégico no sentido da promoção de um projeto de mobilidade urbana pautado nos interesses sociais e coletivos é a municipalização dos transportes. Ou seja, que o poder público assuma para si, retirando do âmbito privado dos empresários, o planejamento e a execução dos transportes coletivos. Não é possível permitir que os itinerários, os custos e os preços, a renovação das frotas, a adaptabilidade dos ônibus para pessoas com deficiência, enfim, que isso seja gerido pelos empresários, que operam, por razões óbvias, de acordo com os interesses de seus lucros.

III - Multimodalidade dos transportes.

É necessário quebrar o monopólio dos transportes rodoviários e trabalhar na lógica da complementação entre as várias modalidades de transporte. Os transportes marítimos e as ciclovias são exemplos concretos e viáveis. No caso das ciclovias, inclusive, já há legislação que prevê a necessidade da criação de bicicletários em espaços públicos, e nesse sentido é tarefa nossa pressionar para a construção de bicicletários em terminais urbanos, bem como a ampliação das ciclovias.

IV - Combate ao transporte individual.

A consolidação da hegemonia ideológica liberal, levada ao seu extremo nos dias atuais, combinada com o crescimento demográfico e a expansão continua e permanente da urbanização, está levando as cidades e a mobilidade urbana ao colapso, pela falta de um sistema integrado de mobilidade que inclua todas a modalidades. A procura permanente pelas saídas individuais, sintetizada na lógica do carro e da moto, é inviável do ponto de vista social, ambiental e espacial. É absolutamente necessária a difusão de uma cultura contrária à lógica do carro. Mas mais do que isso, é fundamental para combater essa lógica a taxação adequada do transporte individual, e a transformação do transporte coletivo num transporte atraente e eficiente, funcionando à Tarifa Zero.

V - Acessibilidade

Esse novo projeto de mobilidade tem que dar visibilidade e garantir a acessibilidade das pessoas com direitos especiais. Não são as pessoas que são deficientes, mas a cidade que não consegue incluí-las adequadamente. Nesse sentido é preciso pensar a cidade e os meios de transporte com desenho universal, uma cidade sem barreiras, que garanta o livre acesso a todas as pessoas.

VI - Difundir uma cultura e o papel da mídia.

Esse debate precisa ter voz para alcançar o público e explicar qual a relevância do movimento e das manifestações. Ocupar o espaço da grande mídia, abrindo brechas para inserir nossas informações dentro dos meios de massa, sem no entanto criar ilusões no seu conteúdo de classe. Construir uma ferramenta para que as pessoas que protagonizem as manifestações em favor da reorganização urbana expliquem seus pontos de vista, e o consigam levar para a população. Utilizar o site do centro de mídia independente e do sarcástico e criar outros espaços, levar as noticias para as ruas. Jornais poste, informativos gratuitos, rádios comunitárias, mostras populares de vídeos são formas de levar para as comunidades locais o debate. A construção de uma forma de mídia popular para contrapor a ideologia vigente, para que possamos construir a nossa própria história.

VII - Mobilização Popular.

A construção de um projeto de mobilidade urbana apenas no campo da política institucional é insuficiente, prova disso é a forma como os direitos à educação, à saúde e cultura não são garantidos pelo poder público como deveriam. É na necessidade da cidade ser pensada e construída por aqueles que nela vivem que está o papel dos movimentos sociais. É fundamental ressaltar que apenas uma forte iniciativa no campo institucional é incapaz de dar conta das batalhas duríssimas que esse conjunto de propostas suscita. O exemplo de São Paulo, na gestão Luiza Erundina, comprova isso.

Apesar de todo o esforço institucional, do poder executivo, a falta de um debate aprofundado, necessário para a mobilização popular em torno da luta mostrou que não havia força necessária para a queda de braço política. Cabe a nós equilibrar essa balança, dando enfoque ao que é primordial, ou seja, aquilo sem a qual é impossível vencer: a organização da luta popular.


Retirado de :http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=28708


site nacional: www.mpl.org.br
blog MPL-DF: http://vidasemcatracas.blogspot.com
e-mail MPL-DF: mpldf@riseup.net

PASSE LIVRE JÁ!