quarta-feira, dezembro 27, 2006

Frente de Luta Contra o Aumento em São paulo

Um mês de luta contra o aumento das tarifas em São Paulo

















A luta contra o aumento das passagens de ônibus, metrôs e trens na região metropolitana de São Paulo capital completou um mês. O aumento foi considerado abusivo por diversos setores da sociedade, pois o reajuste de 15% (de 2 para 2,30) nos ônibus e os 9% (de 2,10 para 2,30) nos metrôs e trens ultrapassaram o índice da inflação que segundo o IPCA foi de 6,9%. Enquanto vereadores, a UNE e a CUT entravam com ações judiciais exigindo um reajuste de acordo com inflação, o Movimento Passe Livre (MPL) convocou uma Frente de Luta Contra o Aumento (FLCA). Formada por diversos movimentos, grupos políticos e indivíduos, a FLCA considerou que a luta deve ter como objetivo a redução total de qualquer aumento. Exigem, também, que o transporte deve ser realmente público, o que implica gratuidade para toda a população e gestão fora da iniciativa privada.

As pessoas que trabalham e passam pelo centro de São Paulo acostumaram-se a ver os/as manifestantes que, desde o dia 24 de novembro, concentram-se toda semana no Teatro Municipal e saem em passeata. Nesta última quinta-feira ocorreu o sexto ato no local. A luta tem incomodado as autoridades públicas que têm se esforçado para sufocar as mobilizações através da repressão policial. Tal atitude resultou em diversas pessoas feridas. Os casos mais graves foram o de um militante que teve o braço quebrado e diversas escoriações nas costas e de uma militante atingida na perna pelo estilhaço de uma "bomba de efeito moral". Além das queimaduras, os estilhaços provocaram perda da motricidade no dedo anelar esquerdo.

Apesar de já ter se passado quase um mês da data do aumento, o mesmo continua sendo pautado na sociedade graças às diversas mobilizações, destacando-se neste sentido os escrachos regulares que a FLCA tem realizado nas aparições públicas do prefeito Gilberto Kassab. O aumento ainda não foi barrado e as mobilizações vão continuar. Um ato está marcado para a próxima quinta feira, 28, em frente ao Teatro Municipal, a partir das 16 horas.


confira os links:

leia mais sobre o transporte: palestra de Lúcio Gregori no 3º Encontro do Mov. Passe Livre [com áudio] | O direito ao transporte público e gratuito: entrevista com Lúcio Gregóri | Crise no ar, crise nos ônibus: classe e visibilidade dos problemas na mídia | Os protestos contra o aumento e o horizonte de um transporte público de verdade | jornal do Movimento Passe Livre (MPL) | panfleto do MPL distribuído nos atos contra o aumento

vídeos dos atos da Frente: dia 24/11 | dia 30/11 | dia 1º | dia 3 protesto na árvore de natal do Banco Santander | dia 10 | dia 17(1) | dia 17(2) | dia 18

editoriais no CMI: Em São Paulo, mais uma vez o prefeito é alvo de protestos | E a população arcando com o aumento | "A prefeitura isenta o banco e desconta no povão" | Continua a luta contra o aumento em São Paulo | Estudante espancado pela PM não poderá se formar esse ano | Frente realiza grande ato e convoca outro para hoje (01) | Semana contra o aumento das tarifas em São Paulo | Frente de Luta Contra o Aumento realiza ato em São Paulo | Ato contra o aumento das tarifas em São Paulo | Prefeitura anuncia aumento e setores da sociedade se organizam

sexto ato da FLCA ou e agora josé?

fotos:
dia 24: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | população apóia ato contra aumento | feridos | ação da polícia militar | repressão | população pede para a polícia parar | operação porta aberta
dia 30: 1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | I | II | III | IV | V | A | B | C | [SP] Ato contra o aumento - Contrastes | Tava cheio de P2 | Cadê a identificação, sr policial?
dia 1: [SP] Fotos da repressão contra a Frente de Luta | Foto I | II | III
Mais fotos: Fotos de Cristian no Hopital do Servidor Público Municipal | Escracho avenida Paulista | Escracho Oscar Freire | R$ 4,5 milhões pra calçada dos ricos, aumento da tarifa de ônibus para os pobres | produção de faixa, prefeito no guindaste, escracho

::: O QUE DIZEM OS TÉCNICOS: Pesquisa "Mobilidade e Pobreza" (ITRANS, 2004) | Estudo sobre capacidade de pagamento da população (IPEA, 2006) | "Transporte urbano e inclusão social: elementos para políticas públicas" (IPEA, 2003) | Tarifas de ônibus nas capitais 1994-2003 (Min. Cidades, 2004) | Estratégia de transporte urbano do Banco Mundial (2002) | Novas tendências em política tarifária (NTU, 2005)

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Exército Revolucionário e Insurgente de Palhaç@s - ERIP

Algumas considerações sobre a breve porém poética existência do
Exército Revolucionário e Insurgente de Palhaç@s (ERIP).


No começo do ano, a população do DF foi surpreendida por um repentino e injusto aumento, um tanto quanto estratégico para os empresários e magnatas dos transportes, afinal o único movimento que discute transportes no Bra$il e que possivelmente faria(como fez,hehehe) algo contra isso, o Movimento Passe Livre, querendo ou não, é um movimento majoritariamente estudantil e o que a elite dos transportes previu foi que estaríamos totalmente desestruturadxs, afinal era período de férias estudantis. Em uma semana, aos trancos e barrancos, fazendo o possível e impossível para que o máximo de pessoas participasse, organizamos o ato que ficou marcado pelo que a mídia tachou como violência, mas que a meu ver não passou duma reação um tanto quanto esperada pra uma população enfurecida com os transportes, que vale ressaltar, em anos em Brasília não se viam mobilizações relativas ao mesmo, a suas condições, a suas enormes tarifas,até em 2004 o Movimento Passe-Livre iniciar suas atividades.

No dia 06/01 aconteceu este ato, onde a fúria da população fugiu totalmente ao nosso controle (quando digo “nosso” controle não nos coloco como vanguarda desse ato, mas apenas coloco isso, pois tínhamos puxado esse ato), que resultou em vários ônibus quebrados e mais de 2 horas de confronto com a polícia. Havíamos feito um ato contra a redução das tarifas, mas as tarifas não baixaram com esse ato e tínhamos plena consciência que era apenas o início e que ainda tinha muita luta pela frente. Durante toda a semana seguinte ao dia 6, organizávamos o segundo ato dessa jornada de lutas sabendo que a polícia não se encontraria mais desestruturada e surpreendida como na primeira manifestação, como também não seria qualquer polícia, mas a polícia de Brasília, que é possivelmente das mais bem preparadas e numerosas do Brasil.

Durante boa parte das longas assembléias que se seguiam viemos mantendo que se a conduta da polícia fosse violenta também seria a nossa, mas em dado momento nos colocamos a indagação de que se reagíssemos violentamente possivelmente não conseguiríamos ir muito além com o ato e talvez dificilmente geraríamos o distúrbio que pretendíamos gerar, que era bloquear vias, enfim, parar a cidade.Decidimos então por fazermos uma manifestação aberta e explicitamente pacífica de forma que pudéssemos manter nossa conduta de ação direta sem que a polícia(que como dito antes, tínhamos certeza que estaria numerosa e organizada) pudesse reagir de maneira agressiva. Mas como conseguir isso?

Foi citado por algumas pessoas ao longo das assembléias que tivemos nessa mesma semana que dificilmente a polícia atacava aos manifestantes que estavam na batucada/animação da manifestação, possivelmente por que a mesma não entendia essxs como ameaças, percebemos então que era necessário que essas pessoas responsáveis pela animação tomassem a frente da manifestação, de forma que dificultassem com que a polícia avançasse contra os manifestantes, para que nossa intenções pacíficas ficassem mais explícitas possíveis, faltava algo mais e para isso decidimos por em prática uma antiga proposta de um companheiro, que inspirado no Exército de Palhaç@s da Europa, propôs que criássemos um aqui. As pessoas que se dispuseram a participar disso; e que vale dizer, em grande maioria estavam tendo suas primeiras experiências como palhaç@s; se reuniram e prepararam o que foi uma carta na manga para nossa atuação no ato que aconteceria. É interessante observar que em momento algum durante a organização desse ato, passou pela nossa cabeça abdicar de fazermos ações diretas, de gerarmos distúrbios pra demonstrar nossa indignação com esse abusivo aumento .

E no dia 13/01 essa manifestação aconteceu, num dos momentos que talvez tenha sido dos momentos que mais me proporcionou arrepios, parafraseando um grande amigo “a época mais romântica da minha vida”. @s palhaç@s trouxeram àquela manifestação um clima ímpar, diferente de várias manifestações, por que por mais que o mpl sempre usasse de artefatos artísticos/culturais em suas manifestações, nessa por um momento de urgência esse artefatos haviam se tornado a maior de nossas armas. Como dito na primeira carta do exército(em anexo a este texto), tínhamos confetes e serpentinas pra enfrentar bombas de efeito moral e cassetetes e por mais que não pareça sabíamos que seria a forma mais eficaz de enfrentamento.

A grande jogada do exército de palhaç@s nesta manifestação, e foi isso algo que observei posteriormente, que acabou que aquel@s palhaç@s tiveram para a polícia naquele momento, uma representação semelhante a que tem o policial que aborda alguém na rua de maneira violenta, da mesma forma que a pessoa que é abordada pelo policial não pode reagir a suas agressões, dificilmente a polícia reagiria de maneira agressiva àquilo que era notavelmente uma ironia, uma agressão moral, pois seria algo que soaria um tanto quanto ridículo para a imagem da polícia, imaginem a seguinte manchete no jornal: “Polícia prende 20 palhaç@s em manifestação contra o aumento das tarifas”. Foi isso que também dificultou com que a polícia impedisse nossos distúrbios, além de clarear ainda mais algo que já tínhamos certa noção, nossa principal arma para os atos de rua era a surpresa, sempre teríamos que ter cartas na manga, o exército de palhaç@s e sua existência em si foi a primeira, posteriormente algumas de suas ações foram outras. Observo que o exército de palhaç@s dificultou ainda mais minha diferenciação entre o brincar e o revolucionar, por que muitas vezes quando queremos sintetizar em linhas tudo aquilo que acreditamos, acabamos por virar gravadores que apenas repetem jargões politizados e acabamos por desprezar espaços que se mostram um tanto quanto úteis na
prática.

Tantas vezes colocamos o ato de brincar como uma coisa boba e carregada de futilidades, sempre temos que separar uma coisa da outra, como se a atividade revolucionária fosse uma parte de nossas vidas, mas não algo que se mistura de forma quase que homogênea com nossas vidas. O ERIP mostrou-nos como nossa infância não foi algo que passou em vão e lembrou-nos um pouco que todo mundo deveria ter infância, que nem sempre a luta , os distúrbios são coisas tensas, mas que os mesmos podem ser incrivelmente divertidos, chegando a nos causar arrepios e não deixam de ser distúrbios.

O ERIP continuou existindo durante toda essa jornada de lutas, onde teve várias atuações memoráveis, como no dia em que o ERIP amenizou o clima duma manifestação que estava demasiadamente tensa no Paranoá(cidade-satélite aqui do DF), entre algumas outras atuações, posteriormente o ERIP se desligou do MPL tentando formar-se enquanto um grupo, lentamente o ERIP foi esfriando, acabando por adormecer mas com uma última e interessantíssima ação, que foi um beijaço em frente a uma Igreja de importância histórica do DF, em repúdio a recentes fatos de intolerância acontecidos no país e no mundo

Sobre @ Palhaç@, sua atuação política e nossas influências
para a formação dum clownismo radical,ativo e insurgente.


@ palhaç@ existe como uma expressão daquilo que é considerado ridículo e engraçado, o jeito desengonçado de andar, o jeito engraçado e na maioria das vezes desaforado de falar, as duplas de clowns que nos divertem com suas atrapalhadas confusões, a forma desengonçada que @ palhaç@ executa a demais artes circenses e a música, entre tantas outras coisas. Quando você cria um/uma palhaç@ , não está criando uma personagem, mas talvez uma outra faceta do seu eu, por isso que digo que @ palhaç@ é essencialmente libertária,por mais que nem sempre seja encaminhado nessa direção, pois trabalha muitas vezes com que libertemos vários “ridículos” que a medida que fomos crescendo foi-se esvaindo juntamente a nossa infância, da mesma forma que nos permite com que satirizemos e ridicularizemos com muito mais facilidade aquelas coisas que realmente nos soam como ridículas. Essa outra faceta do seu eu apesar de se comportar, se vestir, falar, andar de maneiras diferentes a suas usuais não deixa de ser essencialmente você, ou seja sua visão de mundo está inerentemente ligada a visão de mundo do
seu/sua palhaç@. O exército de palhaç@s talvez tenha sido essa outra faceta dentro da própria jornada de lutas, talvez a falta de prática que a maior parte de nós tinha enquanto palhaç@s impossibilitou com que desenvolvêssemos bem noss@s palhaç@s individualmente, mas de forma coletiva conseguimos explorar bastante a nossa existência enquanto palhaç@s.

Coletivamente posso analisar vários dos efeitos causados pelo exército de palhaç@s, primeiramente a surpresa por si só, como já mencionado anteriormente, além de diversas outras coisas, como as vezes em que o exército de palhaç@s amenizou o clima de algumas manifestações que estavam um tanto quanto tensas, a própria ironia para com a polícia, que mesmo não estando ali para combatermos diretamente a ela, a entendíamos como braço repressor do estado que tentávamos pressionar, logo ela é nossa inimiga. A ironia muitas vezes funciona melhor do que qualquer pedrada, o orgulho deles foi um tanto afetado por aquel@s que estavam ali dispostos a enfrenta-los sem nenhum poder de fogo. Também vale mencionar que o exército de palhaç@s por si só, enquanto coletivo se tornou um personagem do imaginário criado em cima daquela jornada de lutas.

Sobre nossas influências fica difícil delineá-las de forma clara, por sermos um grupo de jovens e em sua maioria de formação política e cultural anti-capitalista, autônoma, abaixo e a esquerda, poderia citar várias prováveis influências mas sem a menor ambição de querer nomear ou conceituar aquilo que foi feito pelo ERIP, inclusive por que não considero isso necessário, de conceituar aquilo que fizemos, pois isso restringiria a discussão sobre nossas influências que considero um tanto quanto vastas e variadas. Pra começar a falar sobre nossas influências teria que primeiramente dizer que consensualmente no grupo não existe uma linha que separe política de arte/cultura, que essa linha e distinção é normalmente dada pelos meios de produção da máquina capitalista. Que não só não fazíamos essa distinção como éramos pessoas com a particularidade de termos uma afinidade com esse tipo de atuação político-artístico-cultural. Para isso poderia dizer que grande parte do que nos inspirou em nossas leituras e aprendizados e nos deu sede de por em prática foram as histórias de grupos inerentemente jovens que atacaram a lógica social principalmente por vias culturais, aliás é interessante que essa forma de ataque já é um traço cultural da juventude, em seus questionamentos políticos, vários dos movimentos jovens anti-capitalistas autônomos de contestação surgem de maneira que não se pode traçar uma linha que divida a atuação política da atuação artística/cultural, para isso podemos citar os provos holandeses, o punk, em sua vertente mais politizada e séria, os squatters (ou kraakers .BZs, okupas), o classwar nos anos 80 na inglaterra, O CIRCA (Clandestine Insurgent Rebel Clown Army-Exército Clandestino,Insurgente e rebelde de Palhaç@s ) entre tantos outros. Para tantos grupos podemos observar inúmeras diferenças e particularidades, mas certas coisas são observadas em todos, como ousadia, a criatividade como arma e ao mesmo tempo como “tentativa e erro”, ou seja acaba que as análises serão diversas, por diferentes e distantes óticas, mas que independente das nomeações ou mesmo das conceituações sempre identificaremos práticas em comum nesses movimentos, que buscam de maneira horizontal politizar a rebeldia já existente na juventude; e são essas práticas que nos inspiram e influenciam.

Sobre a Tentativa frustrada do ERIP ter tentado se tornar
um grupo
organizado e linear e algumas conclusões

Posteriormente a jornada de lutas tentamos nos organizar enquanto um grupo a parte do MPL, o que teve seus lados positivos mas de certa forma faço uma avaliação negativa disso, primeiro por que olhando pra trás vejo que o ERIP surge de nossa espontaneidade e criatividade para lidarmos com algumas armadilhas que preparavam pra nós, percebendo isso, percebo também que muitas vezes em meio aos movimentos autônomos temos uma certa tendência a problematizar a espontaneidade e o agir esporadicamente sem analisar de maneira precisa cada caso pra que as vezes entendamos que nem sempre isso é algo ruim e muitas vezes é sim,algo extremamente útil e estratégico.

Acho hoje em dia que o ERIP deva se manter como era inicialmente, algo atemporal, espontâneo ,criativo e adepto da surpresa, que surja e desapareça sempre que for necessária sua nobre presença em meio a tantas lutas contra tantas injustiças das quais ainda há disposição naquelas peles e rostos coloridos. Esse texto possivelmente é um tanto quanto romantizado, mas não há como não ser romântico quando olho pra trás e vejo uma das épocas mais belas de minha vida, queria encerrar dizendo que o ERIP pra mim não morreu, apenas tira um cochilo, como um/uma bom/boa palhaç@, bohemix e preguiçosx, pra mim o ERIP sempre existirá enquanto houverem pessoas que além de entender a utilidade estratégica desse tipo de intervenção, acreditam de coração nisso e estarão dispostas a por roupas coloridas, narizes vermelhos e enfrentar a brutalidade com palhaçadas. Por um clownismo radical, vivo, ativo e espontâneo.

pOr: Grosseiro Grosseiria Estabanância


terça-feira, dezembro 12, 2006

A gratuidade na prática

A gratuidade na prática

A gratuidade, segundo alguns uma utopia... Em Châteauroux, a cidade testa a gratuidade há um ano e meio. Ocasião de nos determos sobre os fatos e não mais sobre os pré-julgamentos. Desde janeiro de 2002, a cidade de Châteauroux, com 50 mil habitantes, instaurou a gratuidade total da rede de transportes urbanos de sua comunidade.

Escolha Política
Tema forte da campanha eleitoral de 2001, defendida pelo dirigente local da UMP Jean-François Mayet (localmente conhecido como multi-concessionário Mercedes!), a gratuidade dos transportes fez seu caminho no espírito dos habitantes da cidade. Inferindo sobre a "desertificação" do centro da cidade e a fraca taxa de mobilidade de seus cidadãos, o novo prefeito decidiu modificar os modos de deslocamento e, desta forma, a vida da cidade.
PS e os Verdes criticaram fortemente o projeto da gratuidade, como também os ecologistas que terminaram por reconhecer "que se deixaram contaminar as idéias pela direita". O antigo prefeito do PS ganhou um processo contra a prefeitura - esta não quebrando seu contrato com a sociedade exploradora da passagem à gratuidade - colocando em causa assim o princípio da gratuidade. Mayet disse solicitar "um direito à experiência até 2004"!

Remanejamento da rede e das vias
Com o inicio da gratuidade, uma série de medidas de remanejamento das linhas de ônibus e de reorganização do centro da cidade e de seus estacionamentos sucederam-se. Châteauroux se organiza a partir de então em torno de seu centro histórico: eixos de circulação modificados de maneira a limitar o uso de veículos particulares, estacionamentos periféricos, sentido único, giradores, paradas limitadas no centro.
Ao mesmo tempo, a rede de ônibus, reorganizada, efetua uma melhor saída dos bairros populares. Três veículos asseguram agora o encaminhamento das pessoas dos estacionamentos periféricos e das paradas de ônibus até o hiper-centro para evitar engarrafamentos pelos "grandes ônibus". Para as pessoas isoladas que querem fazer uso desses veículos de ligação, um ônibus à demanda Liberty Bus foi criado, serviço gratuito acessível por telefone.
Desde setembro de 2002, duas linhas periféricas suplementares foram adicionadas ao circuito durante os períodos escolares: o "ônibus escolar", gratuito, bem entendido.

Popularidade da nova rede
Em um ano, a utilização aumentou em 76% (2,7 milhões de viagens em 2002 contra 1,5 milhões em 2001). Este aumento fez-se sentir essencialmente entre as pessoas pobres (desempregados, trabalhadores, pessoas idosas e jovens dos bairros populares) modificando seus hábitos de utilização da nova rede. 20% dos passageiros se declararam "novos usuários dos transportes públicos".
A perda de receitas até a gratuidade foi coberta por um aumento à base do pagamento de "transport d'entreprise": adesão de duas novas cidades e alta da taxa de 0,55 à 0,60%.
No que concerne às "cifras da insegurança", tão utilizadas como argumentação contra a gratuidade, elas não aumentaram, os "gestos de incivilidade" estão até mesmo diminuindo. O diálogo inter-idades tornou-se inclusive uma particularidade da nova rede.
Se o aumento da freqüência deve muito à gratuidade, não se deve esquecer que ela foi ladeada por uma série de medidas populares: aumento da oferta e da qualidade do transporte aos quais os usuários locais se sentem cada vez mais ligados.
À vista do sucesso de Châteauroux, seria impressionante que as cidades menores em vias de "desertificação" não se interroguem quanto à aplicação da gratuidade dos transportes, levando a sociedade a uma verdadeira reflexão sobre o sentido e a orientação que as populações querem colocar ao serviço público.

* Artigo retirado do "Lignes Gratuites - Journal irregulier du Réseau pour l'Abolition des Transports Payants - n.2"> A liberdade não se conquista de joelhos, mas de pé! <>

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Solidariedade à luta em SP

Carta do Exército Revolucionário e Insurgente de Palhaç@s Fantasmagóric@s do DF (Entidade metafísica) em solidariedade as/aos que lutam para barrar mais um abusivo aumento nas tarifas de ônibus em SP


As armadilhas dos poderosos não param e o transporte é usado para enriquecê-los mais e mais, pois se o mesmo não funciona, nada, nem o que eles querem que funcione, funciona. Mais uma vez vemos uma covarde tentativa de tentar impedir o livre transito das pessoas pela cidade, o que nos entristece, mais uma vez vemos também várias pessoas dispostas a lutar e conquistar esse direito de transitar livremente, o que por outro lado nos delicia.

Quando a cidade para , param as máquinas, para o concreto, mas de forma alguma param as pessoas, estas se mechem para fazer a cidade parar e mostrar que a mesma não existe sem estas pessoas, pois elas são a cidade. Quando estão ali lutando por um transporte digno, não lutam por máquinas ou dinheiro, não lutam apenas pela cidade, lutam pelo mundo, e não é por este mundo que vivemos agora, mas por um mundo novo, um mundo em que pessoas se importam com pessoas, com a vida com o verde,mas não o verde destes pedaços de papel que fazem com que uns/umas vivam em mansões e outras/outros vivam em barracos .

Neste mundo novo que estamos construindo, somos tod@s e ao mesmo tempo somos uma/um, neste mundo somamos e respeitamos nossas diversidades, sonhos, desejos, angústias, tendo consciência de que cada pessoa é um universo e também um pedaço único e precioso deste mundo. Também neste mundo quando preciso seremos uma só, quando vemos barricadas em Oaxaca, bloqueios de vias em São Paulo, a luta contra o desalojo de uma ocupação no Rio de Janeiro, nos sentimos parte disso, por mais que fisicamente num momento tenham 10 pessoas, podemos ter certeza que neste mesmo momento milhões de cabeças e corações se fazem presentes. Neste instante somos cada um@ que se movimenta nesses lugares e em tantos outros, somos essas pessoas por que elas são parte do mundo que estamos construindo e não cansaremos de repetir que, este é um mundo onde cabem todos os mundos.

Nos alegra mais ainda ver quão criativas e diferentes são as iniciativas pra combater ao mundo de plástico que queremos destruir, ver que estas vão deis das que queimam até as que colorem, ver que o rosto mascarado e o rosto colorido e com um nariz vermelho, na verdade, são o mesmo rosto. Sabemos que as pedras, molotovs e palavras de (des)Ordem tem seus momentos, mas a poesia, os confetes, a batukada também, e nos emociona ver que em tantos lugares mais e mais pessoas tem feito dessas táticas, táticas tão combativas quanto as anteriormente citadas. É gratificante saber que em São Paulo, neste momento várias pessoas passam pela mesma emoção que passamos no começo do ano, quando munidos das mesmas armas(eram de papelão), também ousamos enfrentar mais um aumento, mais um, por que os aumentos são mais um, mas iniciativas como foi a nossa, e é a de vocês e de tant@s outr@s nunca serão mais uma.

O Exército de Palhaç@s daqui da capital cinza está há tempos parado, deve estar cochilando em alguma rede, mas sonha com Palhaç@s bloqueando vias em São Paulo, Salvador,Joinville,ou berrando em frente a embaixada do México em Caracas,e isso com certeza lhe dá vontade de acordar.Se não podemos somar com nossos corpos,roupas coloridas e narizes vermelhos, tentamos somar com nossas humildes palavras e nossos corações, que acreditem, neste momento estão aí com vocês.

Avante Pelotão!!!Sem sentido algum!!!!!

Exército Revolucionário e Insurgentes de Palhaç@s - Pelotão do DF