sábado, junho 27, 2009

Passe Livre aprovado na Câmara

(Texto escrito no dia 23 de Junho, logo após a aprovação do Passe Livre na Câmara)

Após horas assistindo ao espetáculo da votação da Câmara Legislativa, escrever qualquer coisa não é tarefa fácil. Entidades fantasmas, falas a favor de quem antes era contra, comentários pomposos sobre o Movimento Passe Livre, tentativas de lucrar ao máximo com esse mais novo direito.

Depois de tudo isso, algumas certezas.

A primeira delas é de que este foi o momento menos importante em nossos 5 anos de luta. É claro que a aprovação do Passe Livre é importante. Mas esta aprovação não começou hoje, ou nas audiências públicas, e menos ainda no gabinete do GDF. Todo esse processo se desenvolveu fora de qualquer espaço institucional, em cenários inusitados para as politicagens que escutamos hoje. Ele aconteceu na rodoviária, tantas vezes ocupada por nossos gritos e cartazes coloridos, nas principais avenidas de Brasília, fechadas pelas correntes humanas, nas ruas do Paranoá, Taguatinga, Riacho Fundo, São Sebastião...

Também a certeza de que esse processo não acaba aqui. Antes de ser um sossega leão, como já dizemos em nossa nota, a aprovação da lei do Passe Livre estimula o Movimento, dando a todos-as nós a recompensa que só a luta pelo que acreditamos pode dar. Ao longo deste tempo, escutamos tantas vezes que era impossível conquistar o que queríamos, que às vezes até a gente parecia ficar na dúvida....


Carregamos, igualmente, a certeza de que não chegamos ainda onde queremos.

Pra começar, esse Passe Livre é incompleto. Não é irrestrito, em todos os horários e locais, como nós, que acreditamos que a educação se dá nos mais diversos espaços e que o transporte é um direito de todxs, queremos.

Tampouco podemos esquecer que o governo empresarial de Arruda, Paulo Otávio e companhia não perdeu a chance de privilegiar o lucro dos empresários. O Passe Livre que queremos reduz a tarifa, já que o governo passará a pagar o preço total da passagem dos-as estudantes, atualmente pagos pelos-as usuários-as segundo o sistema da meia passagem. Deu-se um jeito, portanto, de aumentar a passagem de uma maneira popular e a nossa emenda ao projeto que propunha essa redução nem chegou a ser mencionada no plenário...


Cara a cara com essa conquista, vemos como nossas concepções avançaram desde que começamos a ocupar ruas reivindicando o Passe Livre. Hoje só a gratuidade estudantil nos parece insuficiente: para que o transporte seja público de fato, ninguém deve pagar a tarifa. Ela deve ser paga indiretamente, através de impostos, como todo direito. O nome dessa proposta é Tarifa Zero, e é ela que levantamos agora em busca do nosso direito de caminhar, colorir, transformar a cidade.

Para nossxs compas, a alegria compartilhada da primeira de muitas conquistas. Para os nossos inimigos, o aviso de que as ruas serão sempre ocupadas enquanto essa cidade não for de fato nossa....

O distúrbio tá só começando....

Movimento Passe Livre-DF


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